Ao ler este tema, lembrei-me de algo muito particular que aconteceu comigo há três anos, quando fui convidada para fazer uma missão de 15 dias em Moçambique e Angola, na África.

Primeiro fui a Moçambique, especificamente ao povoado de Dombe, onde temos nossa casa de missão. Eu viajaria no domingo no final da tarde para Luanda em Angola após a missão em Dombe – que finalizava-se no sábado – para dar continuidade às atividades missionárias naquele local. Mas não imaginava o que me esperava ao chegar no aeroporto.

No momento em que me dirigi para fazer o check in, um funcionário da empresa aérea me disse que meu vôo havia sido cancelado e que teria outro vôo somente na quarta-feira. Só que eu precisava viajar no domingo porquê na segunda-feira já começariam as atividades em Luanda. Entrei em contato com a pessoa que estava responsável pelo meu traslado até Luanda e ela me disse: “tenha calma que tudo vai se resolver, Maria vai passar à frente”. Mas eu ficava me perguntando: “como, se eu não conheço ninguém neste lugar?” Além disso, as únicas pessoas que eu conhecia ali – Maísa e Fernanda, duas irmãs de Comunidade – precisavam ir embora, pois tinham uma longa estrada de volta pra casa pela frente.

Após alguns minutos, recebi uma ligação informando que eu poderia pegar outro vôo para Maputo (capital de Moçambique) e lá alguém iria ficar comigo e me daria toda a assistência necessária. Lembro-me que fiquei muito angustiada pelo fato de estar em um país que nunca fui e ainda por cima sozinha. Tudo bem que a língua era portuguesa, mas quando você não conhece ninguém, digamos que é assustador. Mesmo assim eu fui.

Chegada ao Aeroporto e o cuidado de Maria

Ao chegar ao aeroporto de Maputo, eu falava baixinho para mim mesma: “calma, Nossa Senhora está contigo”. Fiquei esperando a pessoa que iria me dar assistência, que eu pensava que seria alguém que ficaria comigo no aeroporto.

Depois de um tempo de espera vi que chegou uma mulher com uma placa com o meu nome escrito, ao me aproximar dela me apresentei e ela me disse “muito prazer minha irmã, meu nome é Maria do Céu e eu vou levar você para minha casa e você ficará lá o tempo que for necessário”. Eu apenas disse “tudo certo”, pois só o nome Maria do Céu já acalmou meu coração. Fui com ela e no mais íntimo de mim ressoava uma voz que dizia, “você disse que eu estava com você, então vou te levar para casa”. Foram dois dias em que fiquei na casa de Maria do Céu, mas vi o quanto Deus me amava e o quanto a presença se Nossa Senhora era real naquela casa e naquela hospitalidade que recebi.

Por isso no início do texto falei que o tema me fazia recordar dessa história, porquê a gente leva para nossa casa quem a gente conhece, mas aquela mulher nem me conhecia e eu muito menos a ela, mas naquele gesto de me levar para sua casa me fez lembrar quando Jesus disse a Maria e a João o Discípulo que ele amava, “Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí tua Mãe” ( Jo 19, 26-27). A palavra de Deus diz que daquela hora em diante o discípulo a levou para casa.

Trouxe este testemunho para que você possa refletir como está o seu levar Maria como Mãe para casa do seu coração, para sua vida de oração, para sua caminhada, para sua família, para o seu trabalho e até mesmo para seu lazer. Porque a todo instante ela caminha comigo e com você, mesmo que em alguns momentos cheguemos a pensar que não.

O convite de Deus para nós hoje é abrir nosso coração e dizer que desejamos fazer esta experiência de acolher a Mãe de Deus na casa do nosso coração. Muitas vezes, Deus mostra meios de nos fazer parar, olhar, refletir e entender que precisamos do colo, do aconchego e do amor da Mãe do Céu, e eu percebi que naqueles dias era necessária minha ida àquela casa e a àquela família, como era também necessário que eles viessem até mim, e me fizessem compreender que eu não estava só, mas que tinha uma mãe que cuidava de tudo e que não deixava me faltar nada.

A partir daquele dia nada mais faltou em minha viagem missionária, tudo foi providenciado nos mínimos detalhes, porquê quando nós resolvemos ouvir a voz de Deus e nos disponibilizamos a fazer o que Ele quer, com certeza estamos levando não somente a Mãe, mas também o Pai, o Filho e o Espírito Santo conosco.

Maria é aquela que sempre quer servir, seja no sim ao projeto de Deus (Lc1,39), indo visitar Isabel (Lc 1, 38-46) ou nas bodas de Caná (Jo 2,1-12).

Quero terminar este texto dizendo para você que chegou até aqui: faça a experiência de levar Maria para casa do seu coração e poderás perceber o quanto a sua vida vai ser diferente, pois com ela aprenderás a ser orante, obediente, fiel, silencioso e cheio do Espírito Santo e terás sempre uma companheira para estar contigo em qualquer situação, assim como ela sempre está comigo.

Mauricelia Silva

Membro da Comunidade Obra de Maria